Escreveu: Francisco Alves Cardoso – Em 26/05/2017
Final de tarde fria, o tempo andava nos ares, calmo e sereno. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair e a passarada já se preparava para o sono natural.
Tudo estava coberto pela beleza do tempo e a terra sorria com a boniteza dos seus campos, onde as nuvens balançavam com o peso das águas que sonhavam em descer para alegrar os campônios sofridos com a ausência do inverno.
Os céus abriram as portas do alto, a água desceu, os campos vibraram, os camponeses sorriram e a chuva caiu com ímpeto de grandeza celestial.
Alegria no Céu e na Terra, o homem da roça alegre, onde muitos se banharam com as águas abençoadas.
Parei, olhei, vibrei e até chorei com a força do divino, abrindo suas portas para melhorar a terra tão sofrida, por vezes esquecida pela alma da Suprema Criatividade.
Aí lembrei a força dos campos, quando recebe o inverno, esperança de todos nós. Ouvi a festa da passarada, a felicidade do campo seco recebendo a suprema galeria das águas.
Observei a alegria das multidões de portas abertas, derramando o santo líquido para salvar o homem, as plantas e os animais.
A alegria implantava um reino celestial na Terra. Acabou a sede! As plantas cresceram assombrosamente, os sapos fizeram uma festa pacífica e o homem pegou sua viola e entoou a saudação do reino terrestre, com força na goela, agradecendo ao Deus a alegria infinita.
Neste momento, Luiz Gonzaga abre a sanfona, olha para os fãs e agradece ao Criador Supremo, o sagrado prêmio para melhorar a vida dos seus eternos apaixonados.
Não sei a hora certa, não vi a decisiva, só garanto que os céus se abriram, a música baionada explodiu da garganta inigualável desse rei que mora nos céus, administra o seu reino do baião aqui na terra e faz a alegria de todos que dele gostam.
A terra molhada, o campo sorrindo, a pamonha na mesa, o homem vibrando, os pássaros cantando, a festa troando e a lua observando.
O ronco da sanfona do Gonzagão acompanhava a festa do Nordeste com a chegada do inverno. Tudo alegre porque Luiz foi, é e sempre será a alegria do povo. Por isso, será eternamente o ídolo maior do Parque Cultural O Rei do Baião.